A obra apresenta personagens lidando com os mais diversos assuntos, como ansiedade, confusão e luto. Tem um ritmo bem ágil para histórias do mesmo gênero, e seu charme está na narrativa sobre família encontrada (Hiroto e a Vovó) e a reconexão com a família de sangue (Hiroto e Natsumi). A vovó, como Hiroto chama, é a senhora Hanae Wada, (rabugenta, porém solitária e muito doce), que deixou a casa para ele e apesar de falecer logo no início, aparece por diversas vezes na história, pois vemos Hiroto aos poucos lidando com o luto. Após um convite, os dois passam a se encontrar duas vezes por semana para jantarem. E este encontro era aguardado com muito carinho por ambos. Dois excêntricos que se tornaram como família.
E Hiroto, dez anos mais velho está aprendendo a ser responsável por outra pessoa, quase uma estranha, já que não a via há anos. Hiroto também se vê refletindo sobre outras questões, como o amigo casado que anuncia a chegada do primeiro filho e avisa que terão menos tempo para se ver. Ele não fica chateado, pelo contrário, está feliz, mas se pergunta o que “ele mesmo” deveria estar fazendo da vida.
Os desenhos são excelentes, extremamente delicados, mas bem detalhados, principalmente em relação à casa e aos cômodos.
Os quartos de cada
um reflete às suas personalidades. Shinzō também destaca em especial as
expressões faciais e linguagem corporal dos personagens, onde vemos muitas emoções
transbordando ou contidas.
“Hirayasumi” é uma palavra japonesa que significa “pausa relaxante” ou “descanso leve”, e a leitura do mangá transmite exatamente essa sensação: é como entrar num espaço tranquilo onde acompanhamos o fluxo da vida de diferentes pessoas, com seus altos e baixos.
Alguns momentos nos deixam aflitos, mas ao final sempre retornamos à casa, esse refúgio onde os personagens podem rir, comer, descansar e simplesmente estar em paz.
Keigo Shinzo em Angouleme.
Keigo Shinzo estreou como mangaká em 2008 com a obra ”Nankin”, e desde então criou sucessos premiados e que já até viraram filmes e Doramas, como a série “Tokyo Alien Bros”. Mas Hirayasumi é a primeira obra dele publicada no Brasil e já chegou à sexta edição.
Durante a pandemia do coronavírus, Keigo foi diagnosticado com linfoma, e decidiu escrever um conto “Sobre o período em que fui internado por causa de um linfoma maligno”, no qual narra sua recuperação e como surgiu a ideia para o mangá “Hirayasumi”.
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Página de "Sobre o período em que fui internado por causa de um linfoma maligno", publicado na coletânea de histórias curtas: You Have No Reaction (2017-2021) |
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